
A Apple tem uma nova dor de cabeça antitruste na Europa: a autoridade de concorrência da Espanha, a CNMC, anunciou a abertura de uma investigação sobre a App Store da Apple na quarta-feira, citando preocupações de que a fabricante do iPhone possa estar impondo condições comerciais injustas aos desenvolvedores que usam sua loja para distribuir seu software para usuários de iOS.
Poucos detalhes sobre o conteúdo das preocupações da CNMC foram disponibilizados, mas em um comunicado à imprensa, a autoridade escreve que: “A Apple pode estar praticando condutas anticoncorrenciais impondo condições comerciais injustas aos desenvolvedores que usam a App Store da Apple para distribuir aplicativos aos usuários de produtos Apple.”
O resultado da investigação da autoridade espanhola, que pode levar até dois anos para ser concluída, ainda está por ser visto. Mas se a CNMC confirmar uma violação das regras de concorrência, a Apple poderá estar sujeita a uma multa de até 10% do seu faturamento anual global, valendo bilhões de euros.
As queixas dos desenvolvedores sobre como a Apple opera sua App Store são uma característica regular do iOS há anos, incluindo o nível de taxas cobradas pela empresa em vendas dentro do aplicativo e uso de sua tecnologia de pagamento, e em torno do processo de revisão de aplicativos e da governança mais ampla da App Store da Apple, com a empresa enfrentando acusações de decisões arbitrárias e injustas de alguns desenvolvedores.
Por sua vez, a Apple afirma aplicar regras claras e consistentes aos desenvolvedores de iOS com o objetivo de garantir que a App Store ofereça uma experiência segura e de alta qualidade para os usuários de dispositivos móveis. A Apple também afirma que a grande maioria — mais de 90% — das receitas da App Store (faturamento e vendas) vai para os desenvolvedores sem que ela colete comissão alguma.
Em resposta à investigação da CNMC, a porta-voz da Apple, Emma Wilson, forneceu uma declaração, na qual a empresa disse que "continuará trabalhando com a Autoridade Espanhola da Concorrência para entender e responder às suas preocupações".
Nos últimos anos, os órgãos antitruste europeus têm sido mais propensos a intervir e desafiar as Big Techs, o que tem gerado problemas regulatórios para a Apple. Isso inclui uma multa antitruste da UE de €1,84 bilhão emitida em março por anti-direcionamento relacionado a aplicativos de streaming de música e um acordo de conciliação em julho que está forçando a Apple a abrir pagamentos sem contato no iOS.
O surgimento de novas regras de concorrência na Europa também está trazendo novas dores de cabeça para a fabricante do iPhone. No início deste ano, sua App Store foi investigada pela Comissão Europeia por suspeita de não conformidade com o Digital Markets Act (DMA) do bloco, uma reforma de concorrência ex ante que se aplica em toda a UE e também prevê pesadas penalidades — até 10% do faturamento ou mais — por não cumprir as regras.
No mês passado, a Comissão anunciou conclusões preliminares de que as regras da Apple contra o direcionamento violam o regime. A Comissão também abriu uma investigação adicional sobre a Apple por uma nova taxa — também conhecida como Core Technology Fee (CTF) — que é aplicada a desenvolvedores que aceitam a versão de seus termos de negócios que lhes permite aproveitar os direitos previstos no DMA. Essa investigação da Comissão permanece em andamento.
Além disso, a UE disse estar investigando como a Apple cumpriu a exigência do DMA de permitir lojas de aplicativos de terceiros.
Os desenvolvedores argumentaram que a gigante da tecnologia dificultou para os usuários de iOS baixar e usar esses mercados alternativos em comparação com a experiência nativa de acessar a própria App Store da Apple, o que consideram contrário ao que o DMA pretende. Mais uma vez, caberá à Comissão arbitrar.
Além disso, mais controles especiais de abuso regional parecem estar surgindo para a Apple, já que o Reino Unido está prestes a aprovar sua própria reforma de concorrência focada nas Big Techs.
E com toda essa ação antitruste visando o tratamento da Apple aos desenvolvedores do ecossistema, os financiadores de litígios também estão se aproximando.